Estrangeiros seguem sumidos após ataque a campo de gás na Argélia
Militantes ligados à Al-Qaeda sequestraram funcionários de campo de gás.
Exército do país tentou resgate; parte dos reféns morreu.
foto meramente ilustrativa |
Cerca de 60 estrangeiros continuavam desaparecidos na Argélia nesta sexta-feira (18), após um ataque do Exército contra um campo de gás tomado por sequestradores, e os militantes ligados à rede terrorista da Al-Qaeda responsáveis por sua captura ameaçaram realizar mais ataques a instalações do setor de energia. As forças argelinas invadiram um complexo de gás no Saara e libertaram centenas de trabalhadores, em uma ação que também causou a morte de dezenas de reféns.
As informações sobre a crise dos reféns são contraditórias.
Enquanto líderes ocidentais clamam por detalhes da ação argelina de quinta-feira (17), sobre a qual dizem não ter sido consultados, uma fonte local disse que a planta de gás continua sitiada por militares, com alguns reféns no interior, segundo a agência Reuters.
Fontes locais afirmam que 34 deles, incluindo alguns ocidentais, foram mortos durante o ataque de quinta, junto com pelo menos 11 sequestradores, que disseram ter invadido o local numa retaliação pela intervenção militar francesa contra militantes islâmicos do vizinho Mali.
Segundo o ministro irlandês das Relações Exteriores, Eamon Gilmore, os reféns carregavam explosivos quando as forças argelinas abriram fogo contra um comboio no qual sequestradores tentavam tirar reféns do campo.
Gilmore confirmou esta informação durante a noite à rede de televisão americana CNN depois de falar com a esposa de um dos sobreviventes, Stephen McFaul, que conseguiu fugir durante o ataque.
"Disseram-me que no momento em que eram transferidos, carregavam explosivos presos ao corpo", declarou o ministro.
A crise representa uma séria escalada no conflito no noroeste da África, para onde tropas francesas foram enviadas na semana passada para combater a tomada da Timbuktu e outras cidades do Mali por grupos islamistas. Além disso, pode ser devastadora para a indústria petrolífera da Argélia, num momento em que se recupera de uma guerra civil nos anos 1990.
Reféns
Uma fonte argelina disse à Reuters que cerca de 60 estrangeiros são mantidos reféns ou estão desaparecidos no complexo de gás invadido pelos militantes islâmicos. Não ficou claro quantos estariam sob domínio dos militantes ou escondidos dentro do complexo. Também não se sabe quantos podem estar mortos.
Uma fonte argelina disse à Reuters que cerca de 60 estrangeiros são mantidos reféns ou estão desaparecidos no complexo de gás invadido pelos militantes islâmicos. Não ficou claro quantos estariam sob domínio dos militantes ou escondidos dentro do complexo. Também não se sabe quantos podem estar mortos.
O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, afirmou que o governo argelino lhe disse que a operação no complexo de extração de gás ainda prosseguia no meio da manhã desta sexta. "A morte de vários reféns é terrível", declarou Ayrault a jornalistas.
Ainda havia dez trabalhadores japoneses e oito noruegueses desaparecidos, segundo suas respectivas empresas. Um engenheiro irlandês que sobreviveu à ação disse ter visto quatro jipes cheios de reféns serem explodidos pelos militares.
Comandantes argelinos afirmaram que decidiram agir, após cerca de 30 horas de cerco, porque os militantes exigiam levar os reféns para o exterior.
Alguns trabalhadores britânicos também pareciam estar desaparecidas, embora o primeiro-ministro David Cameron tenha afirmado que menos de 30 britânicos estavam em situação de risco enquanto a operação prosseguia.
O governo dos EUA informou apenas que alguns norte-americanos estavam entre os reféns, mas não deu detalhes, e uma fonte local disse que um avião do país aterrissou nas imediações do complexo nesta sexta-feira para remover norte-americanos.
Reforçando a tese de líderes africanos e ocidentais que veem uma insurgência islâmica multinacional no Saara, uma fonte oficial da Argélia disse que apenas 2 dos 11 militantes mortos eram argelinos, inclusive o líder do esquadrão.
Foram encontrados os corpos de três egípcios, dois tunisianos, dois líbios, um malinês e um francês - todos apontados como sequestradores, segundo a fonte.
O grupo dizia ter dezenas de guerrilheiros no local, e não ficou claro se algum deles conseguiu escapar.
Retirada
Centenas de funcionários do setor petroleiro foram retirados na quinta da Argélia em três voos, e outro avião deve deixar o país africano nesta sexta, anunciou a empresa britânica BP em um comunicado, de acordo com a AFP.
Centenas de funcionários do setor petroleiro foram retirados na quinta da Argélia em três voos, e outro avião deve deixar o país africano nesta sexta, anunciou a empresa britânica BP em um comunicado, de acordo com a AFP.
Um porta-voz da companhia disse que as pessoas desalojadas trabalham em diferentes instalações de petróleo ou de gás, incluindo o campo em In Amenas no Saara argelino, onde um grupo islamita mantêm centenas de reféns.
O primeiro voo chegou na tarde de quinta-feira a Londres e outros dois pousaram durante a oite na cidade espanhola de Palma de Mallorca, de onde seus ocupantes deveriam ser levados nesta sexta para seus destinos finais. A companhia especificou que, além do quarto voo, outros serão organizados se necessário.
O grupo britânico se apresenta como o maior investidor estrangeiro na Argélia. Está presente nos campos de exploração de gás de In Salah, 1.200 km ao sul de Argel, no Saara, e em In Amenas.
Os Estados Unidos também preparavam uma operação de resgate. Um avião dos EUA pousou nesta sexta-feira (18) em um aeroporto próximo ao complexo de gás no deserto na Argélia, onde atiradores islâmicos fizeram centenas de reféns, para retirar os norte-americanos envolvidos na crise, informou uma fonte local à Reuters.
A fonte disse que o avião pousou no aeroporto de Amenas, a cerca de 50 quilômetros do complexo que foi invadido por forças argelinas, na quinta-feira (17), para tentar libertar os reféns.
O secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, disse nesta sexta-feira que os militantes que atacarem os EUA e seus cidadãos serão perseguidos e encontrados, no primeiro comentário de uma autoridade dos EUA sobre o ataque com reféns realizado por combatentes islâmicos na Argélia.
Terroristas
O complexo era fortemente protegido, com acesso controlado e um acampamento militar com centenas de homens armados entre a usina de processamento e as acomodações, afirmou Andy Coward Honeywell, que trabalhou lá em 2009, falando à BBC.
O complexo era fortemente protegido, com acesso controlado e um acampamento militar com centenas de homens armados entre a usina de processamento e as acomodações, afirmou Andy Coward Honeywell, que trabalhou lá em 2009, falando à BBC.
O secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, disse que militantes que atacaram os Estados Unidos e seus cidadãos seriam perseguidos até serem capturados: "Os terroristas devem ser avisados de que não encontrarão santuário, nenhum refúgio, não na Argélia, não no Norte da África, não em qualquer lugar", disse ele em Londres. "Aqueles que irresponsavelmente atacarem o nosso país e nosso povo não terão nenhum lugar para se esconder."
Ameaça
A crise representa um sério dilema para a França, ex-potência colonial na Argélia, e seus aliados, num momento em que tropas francesas atacam os aliados dos sequestradores no Mali, uma outra ex-colônia francesa.
A crise representa um sério dilema para a França, ex-potência colonial na Argélia, e seus aliados, num momento em que tropas francesas atacam os aliados dos sequestradores no Mali, uma outra ex-colônia francesa.
Os militantes que lutam no deserto mostraram estar mais bem treinados e equipados do que a França previa, disseram à Reuters diplomatas na ONU. A organização estima que 400 mil pessoas poderiam fugir do Mali para os países vizinhos nos próximos meses.
Na Argélia, os sequestradores alertaram a população para que fique longe de instalações de empresas estrangeiras no setor de óleo e gás, ameaçando desfechar mais ataques, segundo informou a agência de notícias ANI, da Mauritânia, citando um porta-voz do grupo.
O comandante do sequestro na Argélia é Mokhtar Belmokhtar, um veterano da Guerra doAfeganistão na década de 1980 e da sangrenta guerra civil da Argélia dos anos 1990, segundo autoridades argelinas. Aparentemente ele não esteve presente no ataque. Balmokhtar subiu de status entre os grupos islamistas no Saara, os quais se apoderaram de armas e ganharam novos adeptos em decorrência do caos na Líbia. As potências ocidentais temem que a violência se espalhe muito além do deserto.
O argelino Anis Rahmani, um especialista em segurança autor de vários livros sobre o terrorismo e editor do diário Ennahar, disse à Reuters que cerca de 70 militantes estavam envolvidos na operação na Argélia, o grupo de Belmokhtar, que partiu da Líbia, e o menos conhecido Movimento da Juventude Islâmica no Sul.
"Eles estavam portando armas pesadas, incluindo fuzis usados pelo Exército líbio durante o regime de (Muammar) Gaddafi", disse ele. "Eles também tinham lança-granadas e metralhadoras."
Trabalhadores argelinos formam a espinha dorsal de uma indústria de petróleo e gás, que tem atraído empresas internacionais nos últimos anos, em parte por causa da segurança no estilo militar.
Mali
O ataque que resultou na situação de sequestro começou na madrugada de quarta em um sítio gasífero operado pelas empresas nacional Sonatrach com as companhias British Petroleum, britânica, e Statoil, norueguesa, em Tiganturin, a 40 quilômetros de In Amenas, não muito longe da fronteira com a Líbia.
O ataque que resultou na situação de sequestro começou na madrugada de quarta em um sítio gasífero operado pelas empresas nacional Sonatrach com as companhias British Petroleum, britânica, e Statoil, norueguesa, em Tiganturin, a 40 quilômetros de In Amenas, não muito longe da fronteira com a Líbia.
Os militantes se identificaram como integrantes da rede terrorista Al-Qaeda e afirmaram à France Presse que o sequestro foi feito por grupos da rede terrorista procedentes do norte do Mali.
Os agressores exigiram o fim da campanha militar francesa no Mali, onde 1.400 soldados franceses fazem uma ofensiva terrestre contra os rebeldes, uma semana depois de o governo francês abrir fogo contra os militantes islamitas a partir do ar.
O país africano está dividido desde o ano passado, após rebeldes ligados à Al-Qaeda terem dominado o norte do território.
A Argélia permitiu que a França utilizasse seu espaço aéreo durante a intervenção militar iniciada na semana passada contra os rebeldes islamitas no Mali. Mas o ministro argelino do Interior, Dahou Ould Kablia, disse a um jornal local que o grupo agressor veio da Líbia.
FONTE: G1
É... MUITO SANGUE AINDA SERÁ DERRAMADO...
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