Após longo exílio, líder do Hamas visita Gaza
Por Nidal al-Mughrabi e Marwa Awad
GAZA, 7 Dez (Reuters) - O líder do Hamas, Khaled Meshaal, pôs fim a décadas de exílio da terra palestina nesta sexta-feira com uma triunfal primeira visita à Faixa de Gaza, a qual evidenciou a crescente confiança do grupo islâmico após a seu mais recente conflito com Israel.
Depois de passar pela fronteira egípcia, Meshaal ajoelhou-se, tocou o chão com a testa e fez uma oração de agradecimento. Ele foi então saudado no por dezenas de dirigentes de várias facções políticas rivais.
Meshaal vai passar apenas 48 horas no enclave costeiro e participar de um comício no sábado, anunciado como uma comemoração do 25º aniversário da fundação do Hamas e da "vitória" (sobre Israel) depois dos combates de Novembro.
Israel rejeita a afirmação do Hamas de que venceu o conflito, que deixou cerca de 170 palestinos e seis israelenses mortos.
Falando a jornalistas, Meshaal disse que sua chegada a Gaza foi como um renascimento depois de seu nascimento na Cisjordânia, em 1956, e um outro renascimento, quando escapou de uma tentativa de assassinato por parte de um esquadrão israelense, em 1997.
"Peço a Deus que meu quarto nascimento venha no dia em que nós libertarmos a Palestina", disse ele, claramente emocionado com a recepção, com policiais fardados rompendo fileiras para tentar beijar sua mão.
"Hoje é Gaza. Amanhã será Ramallah e Jerusalém, depois, em seguida, Haifa e Jafa", disse ele. Ramallah fica na Cisjordânia, enquanto as duas últimas cidades, que têm grandes populações árabes, estão no atual Estado de Israel.
Mais tarde, ainda nesta sexta-feira, ele iria visitar a casa do fundador do Hamas, xeque Ahmed Yassin, assassinado por Israel em 2004, bem como a do comandante militar do grupo, Ahmed Al-Jaabari, que foi morto em um ataque aéreo israelense semelhante no mês passado.
O Hamas negou ter buscado garantias, por meio de contatos egípcios com Israel, de que Meshaal não seria alvo de assassinato em Gaza. Havia um grande esquema de segurança para a sua chegada, com guardas da ala militar do Hamas patrulhando as ruas.
De modo geral se dava como certo que Meshaal, de 56 anos, não havia retornado aos territórios palestinos desde que deixou a sua cidade natal na Cisjordânia com a família, aos 11 anos. No entanto, em seu discurso, ele indicou que havia retornado para uma visita quando adolescente, em 1975.
O Hamas governa a pequena Faixa de Gaza e sua população de 1,7 milhão de habitantes desde 2007, quando venceu uma breve guerra civil com seus rivais do secular grupo Fatah, que ainda controla a Cisjordânia ocupada. Israel retirou seus soldados e colonos da Faixa de Gaza em 2005.
A carta de fundação do Hamas prega a destruição de Israel, mas seus líderes às vezes indicam a disposição de negociar uma trégua prolongada em troca de uma retirada israelense para as linhas estabelecidas antes da guerra de 1967, quando Israel tomou Jerusalém Oriental, Gaza e a Cisjordânia.
O Hamas continua a dizer que não vai reconhecer o Estado judeu oficialmente. O grupo é considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela maioria dos governos ocidentais.
Meshaal dirigiu o Hamas do exílio na Síria desde 2004 até janeiro deste ano quando ele deixou Damasco por causa do conflito entre as forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, e os rebeldes muçulmanos sunitas --cuja religião e posições políticas se aproximam das dos palestinos. Ele agora se divide entre o Egito e o Catar.
(Reportagem adicional de Samia Nakhoul no Catar e Crispian Balmer em Jerusalém)
FONTE:REUTERS
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