Especialistas condenam arma de choque em SP
Utilização de taser e spray de pimenta na Cracolândia está prevista em programa do governo federal
SILVÉRIO MORAIS
São Paulo está finalizando processo com o Ministério da Justiça para aderir ao programa Crack, É Possível Vencer, que prevê o uso de armas de choque e de spray de pimenta para conter viciados. A iniciativa do governo federal, lançada em dezembro do ano passado, tem o objetivo de aumentar a oferta de tratamento e atenção aos usuários de drogas, enfrentar o tráfico e as organizações criminosas, além de ampliar atividades de prevenção.
O advogado Arles Gonçalves Júnior, presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), considera arriscado o uso de taser com viciados. “O risco de morte é grande. Ninguém sabe os problemas de saúde de quem passa o dia usando droga tem”, diz.
Para o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), usar taser contra viciados é um contrassenso. “O usuário está sendo tratado como se fosse criminoso. A maioria não tem comportamento violento, é apenas viciada. Não se trata de maneira repressiva uma pessoa doente. O que precisa é mais acesso à saúde, moradia e educação.” Ele também teme pela vida dos usuários.
treinamento/ Ainda não estão definidas quantas armas serão enviadas para São Paulo nem qual será o investimento. De acordo com o Ministério da Justiça, a exemplo do que já ocorre no Rio, onde o programa vai investir cerca de R$ 240 milhões, os policiais paulistas receberão treinamento para o uso desse tipo de armamento.
Segundo a pasta, a taser será utilizada só em caso de extrema necessidade, como opção menos letal para situações de aglomerados de pessoas, como é o caso da Cracolândia, no Centro da capital, onde a PM já realiza um trabalho de repressão desde janeiro deste ano.
Mesmo com policiais, usuários continuam nas ruas do Centro
A operação Centro Legal, que envolve a polícia e os órgãos estaduais e municipais ligados à segurança, saúde e assistência social, começou no dia 3 de janeiro e será desenvolvida permanentemente na região da Cracolândia. A presença constante de policiais militares, no entanto, não afasta a presença dos usuários de drogas, dia e noite.
A maior concentração é nas ruas Dino Bueno, Helvétia e Barão de Piracicaba, perto da Estação Júlio Prestes. Segundo o estado, a maioria dos viciados se nega a ser encaminhada para tratamento. Até anteontem, houve 1.213 internações voluntárias.
O número de prisões, segundo balanço divulgado no dia 18 de outubro, chegou a 588, em 64.746 abordagens policiais na região da Cracolândia.
Endereço da droga Usuários de crack e de outros entorpecentes continuam concentrados dia e noite na área central da capital paulista, principalmente nas ruas Dino Bueno, Helvétia e Barão de Piracicaba, na região da Estação Júlio Prestes
FONTE: DIÁRIO DE SÃO PAULO
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